
Quase um"double"

Quase foi um double do Tonicão Na fazenda onde Tonicão se hospedara, somente poucas perdizes foram encontradas, a única esperança recaía nas perdizes gordas do vizinho. O filho do vizinho não se importava com caçadores, já o seu pai… não era nada simpático com os amantes da caça. Tonicão cobiçava o belo pasto do vizinho, que nem cerca tinha para adentrar. Seus olhos denunciavam como um raio X perdizes a vagarem. Era um local que após a colheita de cereais ficou um bom tempo sem mexer na terra. Esse tipo de vegetação é com certeza o local propício para as penosas, elas apreciam muito a variedade de alimentação que forma nesse ambiente. O grande problema era saber quando o vizinho iria à cidade, deixando assim o passaporte livre. Após investigações descobriu-se o dia certo para a invasão da área. Tomando as devidas precauções o local almejado foi adentrado. Eram dois declives que terminavam num pequeno vale coberto de vegetação variada, com capins e outras plantas rasteiras. Encerrava em uma cerca e do outro lado da cerca havia um capão de vegetação de cerrado. O companheiro de caçada do Tonicão saiu antes e estava percorrendo com seu cão o outro lado da barroca. Tonicão sempre levava um casal de pointer em suas caçadas . Naquele dia ele saiu com a cadela. Assim que soltou no pasto, ela desembestou como um burro, tanta era a ansiedade, que parecia nunca ter caçado na vida. Estava surda, não atendia aos comandos. Corria a uma distância maior que 100 metros e ia levantando todas as perdizes. Tonicão, nessa altura não sabia o que fazer, pegá-la não conseguia. Obrigado era curtir a angústia em ver as gordas penosas voarem livres sem perseguição de chumbo. Só as que contou foram cinco embora.Graciosamente batiam asas e planavam encosta abaixo e numa curva, feito um avião, pousavam próximo da cerca onde começava a vegetação de cerrado. Tonicão, com seu olhar de falcão marcou bem o local e desceu apressado. Seu amigo que estava do outro lado da encosta também fez o mesmo, provavelmente viu as perdizes descerem. Assim que Tonicão chegou na cerca, atravessou-a e percorreu o pequeno cerrado até o fim. Estava tão desanimado com a cadela que nem se preocupou com ela, queria mesmo era levantar as galinhas . Assim que chegou no final do cerradinho, notou que as penosas só poderiam estar mesmo no cerrado. Voltou e resolveu vasculhar melhor o local. Feito um bólido saltou uma perdiz , Tonicão imediatamente alvejou-a. Num mísero espaço de tempo salta outra .Nem teve tempo de trocar cartucho. Ela voou alto ,na direção do companheiro, num tiro quase instintivo, foi atingida e começou a subir e subir. Tonicão logo notou que era um bago na cabeça, e que cairia sem sombra de dúvida. Não houve tempo para outro disparo, pois não tinha cartucho na câmara, nisso ele ouve um tiro e a perdiz estrebuchou. Seu amigo que estava mais próximo consumou o ato, mas por infelicidade depois de cansativa busca pelos cães e pelos caçadores não conseguiram encontrá-la.